sexta-feira, 19 de julho de 2013

Era Escura - parte 1

Eis que um belo dia, refém da curiosidade, decido nadar na piscina do desconhecido... parecia rasa, mas sugestivamente não tinha nenhuma placa de profundidade. Nem escada, nem guarda vidas, nem águas límpidas.
E por que diabos alguém se apoiaria apenas na curiosidade para mergulhar ali?
A curiosidade te leva apenas até a borda... e ela nem te empurra! O que faz mergulhar é outra coisa... é uma coisa que não tem nome.
Esta coisa entra na sua alma antes mesmo que passe pela pele. Ela justifica como causa, mas não explica os porquês.
Na realidade não há necessidade de explicação, apenas de aceitação da situação... e não uma aceitação pacífica, mas de derrota premeditada - se é que posso chamar de derrota.
Quando a última célula do dedo deixa de tocar a borda, logo antes do mergulho, vem talvez a primeira grande descoberta: essa coisa não te empurra... ela só te desequilibra e a sensação de perda do controle é que te fascina e faz mergulhar divinamente, mesmo no desconhecido.
E sem o controle tudo fica puro e o desconhecido se apodera de você no seu momento mais íntegro e ao mesmo tempo vulnerável... o bem e o mal realmente deixam de ter significado e sua única função é se render.

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